O Bairro de Santa Cruz
Cortado pelo Ramal de Santa Cruz da malha ferroviária urbana de passageiros da região metropolitana do Rio de Janeiro, possui uma paisagem bastante diversificada, com áreas comerciais, residenciais e industriais. O bairro de Santa Cruz é sede da região administrativa de Santa Cruz, que compreende os bairros de Santa Cruz, Paciência e Sepetiba. Desde a instalação do seu distrito industrial e do Porto de Itaguaí, é uma localidade em franco desenvolvimento.
Do alto, da esquerda para a direita: Hangar do Zeppelin, Palacete Princesa Isabel, Solar dos Araújos e Fonte Wallace.
Vista do centro do bairro de Santa Cruz.
A Igreja da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, um dos maiores templos religiosos do Rio de Janeiro.
Antes da chegada dos europeus à América, a região conhecida hoje como Santa Cruz era povoada por aldeias de povos da família linguística Tupi-guarani, que chamavam o local de Piracema (muito peixe).
Após o Descobrimento do Brasil, com a chegada dos colonizadores portugueses à Baía de Guanabara, a vasta região da baixada de Santa Cruz e montanhas vizinhas, foi doada a Cristóvão Monteiro, da Capitania de São Vicente, por Martim Afonso de Sousa em janeiro de 1567, como recompensa aos serviços prestados durante a expedição militar que expulsou definitivamente os franceses da Guanabara. O mesmo mandou construir logo em seguida um engenho de açúcar e uma capela no local conhecido como Curral Falso, iniciando o povoamento das terras pelos portugueses.
Com o falecimento do titular das terras, a sua esposa, dona Marquesa Ferreira, doou aos padres da Companhia de Jesus a parte das terras de Cristóvão que lhe tocava.
Estes religiosos, ao agregarem estas terras a outras sesmarias, constituíram um imenso latifúndio assinalado por uma grande cruz de madeira: a Santa Cruz. Em poucas décadas, a região compreendida entre a Barra de Guaratiba, o atual município de Mangaratiba, até Vassouras, no centro-sul do atual estado do Rio de Janeiro, integrava a poderosa Fazenda de Santa Cruz, a mais desenvolvida da Capitania do Rio de Janeiro nesta época, contando com milhares de escravos, cabeças de gado, e diversos tipos de cultivos, manejados com técnicas avançadas para a época.
Réplica da cruz que deu nome ao bairro na Praça Ruão.
Com o banimento dos jesuítas do Brasil, o patrimônio da Fazenda de Santa Cruz passou a se subordinar aos vice-reis. Após um período de dificuldades administrativas, sob o governo do Vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa, a fazenda voltou a conhecer um período de prosperidade.
No início do século XIX, com a Chegada da Família Real ao Brasil (1808) e o seu estabelecimento no Rio de Janeiro, a fazenda foi escolhida como local de veraneio. Desse modo, o antigo convento foi adaptado às funções de paço real - Palácio Real de Santa Cruz.
Sede da Antiga Fazenda de Santa Cruz, Palácio Real e Imperial.
No contexto da Independência do Brasil, antes de iniciar a histórica viagem da Independência, o Príncipe Regente deteve-se em Santa Cruz, onde aconteceu uma reunião no dia 15 de agosto de 1822, com a presença de José Bonifácio, para estabelecer as suas bases. Ao regressar, antes de seguir até a cidade, comemorou a Independência do Brasil na fazenda.
Deve-se destacar também que durante todo o período entre 1808 e 1889, Santa Cruz foi um dos bairros cariocas com suas paisagens mais retratadas por viajantes estrangeiros como o francês Jean-Baptiste Debret, o austríaco Thomas Ender, a inglesa Maria Graham e outros. A gravura de autoria do pintor belga Benjamin Mary, o primeiro embaixador da Bélgica no Brasil, pintada em novembro de 1837 é prova documental de que o Mirante de Santa Cruz constituía um local visitado pelos imperadores. Nela é retratado D. Pedro II com apenas 14 anos de idade apreciando a vista da fazenda.
Em Santa Cruz foi assinada a Lei Áurea (1888) pela Princesa Isabel, que dava alforria a todos os escravos do Governo Imperial. A promulgação da lei foi assistida por ilustres convidados como o Visconde do Rio Branco e o Conde d'Eu.
Palacete Princesa Isabel.
Depois da Proclamação da República, Santa Cruz perdeu muito do seu prestígio. Mas, sanados alguns problemas, logo atraiu imigrantes estrangeiros, que muito contribuíram com a economia do bairro. Durante o governo Getúlio Vargas, na década de 1930, a região de Santa Cruz passou por profundas transformações, com obras de saneamento que objetivavam a valorização das terras, com a recuperação da salubridade e do dinamismo econômico, a partir da criação das Colônias Agrícolas.
Com o intenso desenvolvimento do Rio de Janeiro ocorrendo em todas as direções, foi inaugurada em 1975 a Zona Industrial, fomentando fortemente a urbanização do bairro. Nela estão localizados os três importantes distritos industriais de Santa Cruz, Paciência e Palmares, onde se encontram em pleno funcionamento a Casa da Moeda do Brasil, Cosigua (Grupo Gerdau), Ternium, Primetals, Valesul, White Martins, Glasurit e a Usina de Santa Cruz, uma das maiores termelétricas a óleo combustível da América Latina, com capacidade instalada de 950 MW.
A usina siderúrgica Ternium Brasil se destaca na paisagem.
Santa Cruz é um bairro em franco crescimento. Possui um comércio bem desenvolvido, várias agências bancárias e inúmeras e diversificadas lojas. Possui um sistema educacional que atende satisfatoriamente à demanda e o Hospital Municipal Dom Pedro II modernizado pela prefeitura e especializado no tratamento de queimados.
Edifício do Hospital Municipal Pedro II no centro da imagem.
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